O que o Trovadorismo tem em comum com o RAP?
Para responder a pergunta título do post, pensemos primeiro na música em si. Ambas refletem o pensamento de uma época e de um contexto social inerente à mesma. O "sertanejo raiz" reflete a situação do homem sertanejo no Brasil em meio à seca e o isolamento, a principio o Samba mostrava o cotidiano carioca no século XX, e por aí vai.
No blog, já tratamos sobre as cantigas de amor e de amigo, restam-nos então as Cantigas de Escárnio e Maldizer. Ambos os gêneros são de caráter satírico, a sátira podia ser individual ou social. O que diferencia esses é o fato de que na cantiga de escárnio são utilizados eufemismos e palavras de duplo sentido, gerando assim um entendimento ambíguo e uma atenuação do conteúdo da cantiga. A pessoa a qual a cantiga se refere não é identificada. Já nas cantigas de maldizer, a sátira é feita de modo agressivo, utilizando por vezes de palavras de baixo calão e citando explicitamente o nome de quem se pretende atacar com a cantiga. Assim, por vezes essas cantigas expunham as mazelas da sociedade medieval.
Agora, vamos ao Rap. O rap tem uma função social muito importante em um país como o Brasil, expondo as desigualdades sociais, o abuso de poder por parte dos policiais, o racismo presente na sociedade, a criminalidade nas favelas entre outros temas tão urgentes, mas muitas vezes ignorados pelos governantes. Logo, assim como as cantigas de escárnio e maldizer em seu período, o rap no Brasil contemporâneo expõe a verdade nua e crua que por vezes tentam velar.
À vista do exposto até aqui, vamos relacionar a seguinte canção "Sulícidio" de Baco Exu do Blues com as cantigas de maldizer;
Em Sulicídio, Baco e Chinaski fazem uma crítica social ao fato de historicamente a indústria musical e o público do rap estarem focados no eixo RIO-SÃO PAULO. Assim, produções nordestinas e de outras partes do mapa muitas vezes têm qualidade superior mas são pouco visualizadas pelos que "amam mcs e não hip-hop". Baco aponta que muitos fazem rap pelos motivos errados, não para usar do caráter de protesto dessa rica expressão cultural, mas sim "para comer fã" e, ainda que "esses mcs são tudo favela gourmet" assim não tendo a vivência necessária para compor sobre o que se propõe a falar. Ademais, em Sulicídio são citados explicitamente nomes de rappers do Sudeste; Dalsin, Nocivo, Nog, Don Cesão entre outros. Poderíamos então caracterizar Sulicídio como um rap de maldizer.
Analisemos agora, "Fala Sério" de Gabriel Pensador;
Gabriel faz uma forte crítica aos escândalos de corrupção ocorridos em 2005, ao famoso Mensalão. Todavia, diferentemente de Baco, Gabriel não cita nomes em sua música embora seja facilmente dedutível o nome dos políticos a quem o rapper está se referindo.
"No decorrer do rap, em 'Todos nós sustentamos criminoso. Eu confesso que
sustento, sustento, mas não gosto' e 'Mas não é nada disso que você tá pensando.
Eu tô falando dos bandidos que recebem meus impostos.”'a crítica se torna mais explícita,
irônica e abrangente, em meio a versos inicialmente ambíguos, como nas cantigas de
escárnio, que conduzem o leitor ao esclarecimento de que os “criminosos” aos quais o
cantor se refere, de forma generalizada, na música, não são os traficantes e líderes de
milícia, mas os próprios políticos que deveriam zelar pelo bem-estar da população
brasileira." ¹
Dessa forma, poderíamos então caracterizar Fala Sério como um rap de escárnio.
Nesse sentido, voltamos à pergunta inicial do post; façam suas próprias conclusões.
Referência Bibliográfica refente a citação 1 : ESTEVES, Características das Cantigas de Escárnio Presentes no Rap “Fala Sério” de Gabriel “O Pensador” 2011
No blog, já tratamos sobre as cantigas de amor e de amigo, restam-nos então as Cantigas de Escárnio e Maldizer. Ambos os gêneros são de caráter satírico, a sátira podia ser individual ou social. O que diferencia esses é o fato de que na cantiga de escárnio são utilizados eufemismos e palavras de duplo sentido, gerando assim um entendimento ambíguo e uma atenuação do conteúdo da cantiga. A pessoa a qual a cantiga se refere não é identificada. Já nas cantigas de maldizer, a sátira é feita de modo agressivo, utilizando por vezes de palavras de baixo calão e citando explicitamente o nome de quem se pretende atacar com a cantiga. Assim, por vezes essas cantigas expunham as mazelas da sociedade medieval.
Agora, vamos ao Rap. O rap tem uma função social muito importante em um país como o Brasil, expondo as desigualdades sociais, o abuso de poder por parte dos policiais, o racismo presente na sociedade, a criminalidade nas favelas entre outros temas tão urgentes, mas muitas vezes ignorados pelos governantes. Logo, assim como as cantigas de escárnio e maldizer em seu período, o rap no Brasil contemporâneo expõe a verdade nua e crua que por vezes tentam velar.
À vista do exposto até aqui, vamos relacionar a seguinte canção "Sulícidio" de Baco Exu do Blues com as cantigas de maldizer;
Analisemos agora, "Fala Sério" de Gabriel Pensador;
"No decorrer do rap, em 'Todos nós sustentamos criminoso. Eu confesso que
sustento, sustento, mas não gosto' e 'Mas não é nada disso que você tá pensando.
Eu tô falando dos bandidos que recebem meus impostos.”'a crítica se torna mais explícita,
irônica e abrangente, em meio a versos inicialmente ambíguos, como nas cantigas de
escárnio, que conduzem o leitor ao esclarecimento de que os “criminosos” aos quais o
cantor se refere, de forma generalizada, na música, não são os traficantes e líderes de
milícia, mas os próprios políticos que deveriam zelar pelo bem-estar da população
brasileira." ¹
Dessa forma, poderíamos então caracterizar Fala Sério como um rap de escárnio.
Nesse sentido, voltamos à pergunta inicial do post; façam suas próprias conclusões.
Referência Bibliográfica refente a citação 1 : ESTEVES, Características das Cantigas de Escárnio Presentes no Rap “Fala Sério” de Gabriel “O Pensador” 2011
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