Cantigas de Amigo e a Contemporaneidade
No Trovadorismo, as cantigas de amigo eram caracterizadas pela presença do eu lírico feminino, o qual constantemente lamenta nos versos a falta do seu amigo, entendido como namorado nas cantigas, ou a mulher que se apaixonou e fala à natureza, consigo mesma ou com outra pessoa sobre sua tristeza. A cantiga “non chegou madr, o meu amigo” representa claramente tais esclarecimentos supracitados, uma vez que mostra a donzela em seu desespero por não estar na presença de seu amado.
Trecho de “Non chegou madr, meu amigo”:
Non chegou, madr', o meu amigo
e oj' est' o prazo saydo,
ai! madre, moiro d' amor!
Non chegou, madr', o meu amado,
e oj' est' o prazo passado,
ai! madre, moiro d' amor!
E oj' est' o prazo saido
porque mentiu o desmentido?
ai! madre, moiro d' amor!
E oj' est o prazo passado
porque mentiu o perjurado?
ai! madre, moiro d' amor.
E porque mentiu o desmentido
pesa mi, pois per si ó falido,
ai! madre, moiro d' amor.
Tais marcas encontradas nas cantigas de amigo ainda são muito presente no cenário atual da música brasileira, tendo como exemplo o sertanejo, dominado pelas mulheres e suas injúrias de amor. Como é observável em uma das canções de Marília Mendonça,“De quem é a culpa?”;
Sobrevivo de olhares
E alguns abraços que me deu
E o que vai ser de mim
E o meu assunto que não muda?
Minha cabeça não ajuda
Loucura, tortura
E que se dane a minha postura
Se eu mudei, você não viu
Eu só queria ter você por perto
Mas você sumiu
Fonte da imagem 1: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Guillem_de_Cabestany.jpg?uselang=pt-br
Fonte da cantiga: Cantigas Medievais Galego-Portuguesas (http://cantigas.fcsh.unl.pt/index.asp)
Fonte da letra: "De Quem é a Culpa?", Marília Mendonça (https://vagalume.com.br)
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